Sob a Lupa de compliance

Conversamos com Juliana Oliveira Nascimiento, co-fundadora do Compliance Woman Committee (CWC), sobre sua perspectiva em relação à sua visão do mercado corporativo atual, a implementação de um modelo de Compliance nas organizações e o trabalho que ela faz com a CWC.

Com base na sua experiência profissional, qual é a visão que você encontra em áreas como governança corporativa e gerenciamento de riscos diante dos tempos que tivemos? Qual a visão do mercado corporativo sobre essas questões na nova realidade?

A estruturação de boa governança corporativa colabora fortemente para a gestão e tomada de decisão das organizações, ainda mais nos momentos de adversidade. Neste sentido, a gestão de
riscos, contribui fortemente em oportunizar uma melhor visão das prioridades frente as ações que devem ser tomadas para a sua mitigação, pois, com o conhecimento das probabilidades de impacto dos riscos, os processos decisórios podem ocorrer com fundamento na realidade organizacional de forma mais segura e assertiva. Além disso, é relevante administrar os riscos para
mantê-los compatíveis com o seu apetite a risco e possibilitar garantia razoável de cumprimento dos objetivos da entidade.

Sendo assim, se está diante de uma situação prevenção dos riscos se faz de extrema relevância, diante da atual crise, o Cisne Negro, como indica a visão da teoria de Nassim Taleb. Mas a preocupação, neste contexto avançou, visto que a visão dos riscos das organizações, agora perpassam a preocupação com os próximos cisnes verdes, consoante estudo do Bank for International Settlements (BIS) que a partir do cisne negro tratando sobre o impacto de uma possível crise financeira voltada as questões ambientais das mudanças climáticas. No contexto atual, a Governança Corporativa também se apresenta sob os desafios sob o contexto social, ambiental e de governança que tem impacto e relação direta a estratégia, com a cadeia de valor, além de impactos diretos na reputação organizacional. É com esse contexto visão que a perspectiva da Governança Corporativa se encontra fundada no ESG (Environmental, Social and
Governance ) em que o olhar dos investidores se encontra na perspectiva de capitalismo responsável e transparente.

Na sua opinião, você acha que a implementação de um modelo de conformidade nas organizações contribui para o desenvolvimento da ética e da integridade em nossas sociedades?

O Compliance contribui para desenvolvimento da ética e integridade na sociedade, visto que consolida, a promoção da cultura de integridade. Destaca-se que quando se trata de transparência e ética, não basta uma implementação pautada em papel. Nesta conjuntura, o programa de integridade deve estar pautado em prevenção de riscos de fraude e corrupção, mas, também,
na adequação das corporações as questões legais e regulatórias, especí!cas ao setor que atua. Sob este ponto, muitos entendem que o investimento seria elevado, todavia, não se pode deixar de lado que o comprometimento das empresas trarão muitos benefícios vindouros a própria companhia e um olhar positivo e de credibilidade perante dos investidores.
A relevância disso é primordial no atual mundo corporativo, visto que o próprio Fórum Econômico Mundial de 2020 em Davos na Suíça indicou a não tolerância no que tange as questões de corrupção, proteção ambiental, diretos humanos bem como, de ética na proteção dos dados na nova era digital. Diante disso, a instituição do compliance se pauta como essencial para que as organizações e espera-se que façam isso, para seu próprio aprimoramento e engajamento de maior transparência, de modo que a integridade e a ética sejam o ponto central da condução dos negócios reverberando, consequentemente, no seu crescimento e no fortalecimento da boa reputação.

Estou muito interessado no trabalho que eles fazem com o Comitê de Compliance Woman. Você poderia nos dizer o que eles fazem e quais são seus planos futuros?

O Compliance Women Committee CWC foi fundado em setembro de 2017 no Brasil pela advogada Anne Caroline Prudência e eu. Se trata de um Comitê de mulheres que atuam tanto na esfera
privada, quanto na esfera pública. Dentre os objetivos do grupo se encontram o desenvolvimento profissional, empoderamento, capacitação e a promoção das mulheres em cargos de liderança,
como em conselhos de administração e na C-Suite. Hoje, o Compliance Women Committee CWC ele abrange profissionais da área do compliance em várias partes do mundo, incluindo na União Europeia, no Reino Unido, nos Estados Unidos e na América Latina. Diante do crescimento do grupo isso estamos em expansão para diversos países nos locais indicados, inclusive na América Latina.

Como você encontra o empoderamento das mulheres na América latina?

Acredito que as mulheres da América Latina já avançaram em seu posicionamento no mercado, porém, ainda temos muito a avançar na representação de mulheres em cargos de nível C. Nesse ponto, a própria visão da Governança Corporativa da ESG enfatiza essa questão da diversidade nas organizações.

Publicado em Ethics.

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